Em São José dos Campos, empresa e sindicatos se comprometem a não tomar medidas que afetem produção.
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) . A reunião realizada ontem entre sindicalistas e a direção da General Motors (GM) sobre o futuro da linha de montagem de automóveis da fábrica da montadora em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, em São Paulo, terminou sem acordo. Um novo encontro foi marcado para o dia 4 de agosto. Até lá, foi decidido que as duas partes não tomarão medidas que afetem a operação da fábrica. Elas também se comprometeram a buscar propostas para uma solução do impasse.
Na terça-feira, a GM fechou todo o seu complexo industrial na cidade e recomendou que seus 7.500 empregados permanecessem em casa até que o impasse com o sindicato local fosse resolvido. Ontem, porém, a empresa recuou e reabriu as oito unidades de produção que compõem seu complexo industrial.
O diretor de assuntos corporativos da GM, Luiz Moan, assegurou ontem, em entrevista, após a reunião com os sindicalistas, que a montadora não tomará qualquer decisão que envolva a demissão de trabalhadores até o encontro do dia 4. Ele confirmou, no entanto, a decisão da empresa de encerrar definitivamente a produção do Corsa (ontem foi o último dia de produção do veículo), que se junta aos modelos Meriva e Zafira, cuja fabricação já havia sido interrompida em razão da saída desses automóveis da linha de produtos da marca. A GM substitui as duas minivans pelo modelos Spin, já produzidos em São Caetano do Sul, e pela Sonic, hoje importada da Coreia do Sul.
Apenas o Corsa Classic continuará sendo fabricado na linha de Montagem de Veículos Automotores (MVA) da fábrica de São José dos Campos, que emprega 1.500 funcionários. Segundo Moan, o Classic é o único dos modelos fabricados ali que continuava com demanda no mercado, apesar de ter o custo de manufatura mais alto entre as fábricas da GM que o produzem.
- A Unidade de São José é a menos competitiva - afirmou o executivo, dando a entender que o modelo poderá deixar de ser produzido aqui, o que levaria à desativação da unidade MVA.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos contesta a afirmação do executivo da GM. O presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá, reiterou que não há excedente no setor de MVA e que os 1.500 trabalhadores são suficientes para atender ao aumento da produção do Classic e da nova linha da S10, ampliada após receber investimentos de R$ 800 milhões.
- É claro que eles (a GM) querem fechar a linha de montagem de veículos, mas nós não vamos aceitar nenhuma demissão - disse Macapá, que defende, além da transferência da produção total do Classic para a planta de São José dos Campos, a nacionalização do Sonic e a volta de produção de caminhões naquela unidade.
Sindicato quer envolver governador nas discussões
Em assembleia no fim da tarde, os funcionários aprovaram a recomendação do sindicato de manter a mobilização contra eventuais cortes de pessoal. O sindicato também quer envolver o governador paulista, Geraldo Alckmin, nas discussões com a GM e já marcou reunião para o próximo sábado com o secretário estadual de Emprego e Relações do Trabalho, Carlos Ortiz.
Até aqui, as discussões entre a GM e o sindicato têm sido mediadas pelo secretário de relações do Ministério do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo.
Fonte: O Globo. Por Lino Rodrigues e Eliária Andrade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário